terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Natimorto

“Pela definição da palavra, entende-se como natimorto, o indivíduo que nasceu morto” (Silva, 2007).

Nascimento – 1 - Ato de nascer. 2 - princípio, começo.
Vida – 1 - Conjunto de propriedades e qualidades graças as quais animais e plantas se mantém em contínua atividade; existência. 2 – A vida humana. 3 – O espaço de tempo que vai do nascimento até a morte; existência. 4 – Um dado período de vida.
Morte – 1 – Cessação da vida. 2 – Termo, fim. 3 – Destruição ruína. 4 – Pesar profundo.


Por muito tempo falamos sobre “risco de vida”, hoje falamos “risco de morte”. O raciocínio é lógico, considerando as nomenclaturas estabelecidas pelos homens. Se nós vivemos, não poderíamos correr “risco de viver”, então corremos o risco de morrer. – É tão óbvio!
Agora imaginem quando começamos a nascer? Digo-lhes que nascer é o ato de surgir, aparecer, ser alguém ou algo. Nascemos quando o médico realiza um processo cirúrgico, através de um parto normal ou quando o espermatozóide e óvulo são fecundados? Será que durante a gestação, interligados com nossa mãe pelo cordão umbilical, somos nada?
Agora lhes pergunto como alguém nasce-morto? Etimologicamente falando, há uma contradição enorme. Nascemos para depois morrer. É um processo de cada vez. Poderíamos dizer:
- Fulano morreu durante a gestação ou mediante o parto. Mas, nasceu morto?
Assim como se mudou os “riscos” de vida ou morte, deveria ser feito o mesmo com a palavra “natimorto”.
Esperemos por nossos filhos desde o primeiro dia e acompanhamos até o parto sabendo que nossas esposas alimentam nossos filhos com amor, carinho e sentimentos. Cuidamos deles para vê-los com saúde. Apesar deles não estarem fisicamente ao nosso lado acompanhamos suas atitudes todos os dias até o momento em que se mostram para nós ecoando a música do choro e naquele instante vemos o quanto foi importante cuidarmos dos nossos filhos ainda no ventre.
O nascimento começa no ventre e não na hora do parto.
E digo-lhes mais,
A partir do momento que chegamos à parte externa do mundo, não vivemos e sim, morremos. Neste momento, começa a contagem regressiva para a vida.
Quando morremos... Vivemos! E quando vivemos... Morremos!
A morte, conhecida por todos nós, é o início da vida. E a vida que conhecemos hoje, é a morte. O problema é que nós mesmos designamos que vida é vida, morte é morte, casa é casa, céu é céu, etc. Entre a vida e a morte o papel é invertido.
O nosso crescimento, nada mais é que o processo de morte da matéria e vida do espírito.
Se e, se existe algo após essa passagem terrestre, é a vida. Por tanto, morremos e vivemos. E não vivemos, morremos e vivemos.

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